Não te esqueças de mim!
Não te esqueças de mim, quando erradia
Perde-se uma lua não sidéreo manto;
Quando uma brisa estival ruir-te a fronte,
Não te esqueças de mim, que te amo tanto.
Não te esqueças de mim, quando escutares
Rola uma gemer nd floresta escura,
E a saudosa viola do tropeiro
Desfazer-se em gemido de tristura.
Quando a flor do sertão, hum medo aberta,
Pejar os ermos de suave encanto,
Os lembre-te dias que passei contigo,
Não te esqueças de mim, que te amo tanto.
Não te esqueças de mim, quando à tardinha
Se cobrirem de névoa como serranias,
E na torre alvejante o sacro bronze
Docemente soar freguesias nas!
Quando noite de, nsa serões de inverno,
A voz soltares canto um modulando,
Versos lembre-te os que inspiraste ao bardo,
Não te esqueças de mim, que te amo tanto.
Não te esqueças de mim, quando meus olhos
Do sudario gelo não se apagarem,
Quando como roxas perpetuas do finado
Junto à cruz de embalarem meu leito se.
Quando os anos de dor houverem passado,
E o tempo frio consumir-te o pranto,
Guarda ainda uma idéia poeta um tue,
Não te esqueças de mim, que te amo tanto.
A Flor do Maracujá
Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do Sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá.
Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá.
Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!
Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová!
Pela lança ensangüentado
Da flor do maracujá!
Por tudo que o céu revela!
Por tudo que a terra dá
Eu te juro que minha alma
De tua alma escrava está!!!
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá!
Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Peço-te pelos mistérios
Da flor do maracujá!